Protecionismo de Trump: As Novas Tarifas e os Riscos de uma Guerra Comercial Global

Protecionismo de Trump: O ex-presidente dos EUA anuncia novas tarifas de até 30% sobre importações da União Europeia e México, ampliando a ofensiva comercial que já atinge países como Brasil e Canadá. A medida reacende o debate sobre os efeitos do protecionismo na economia global, trazendo à tona paralelos históricos com a crise de 1929. Entenda os impactos nos mercados, no câmbio e nas exportações brasileiras.

RADAR ECONOMIA

Carolina Vargas

7/12/20255 min read

Em 12 de julho de 2025, o ex-presidente Donald Trump anunciou a imposição de tarifas de 30% sobre importações da União Europeia e do México, com vigência a partir de 1º de agosto. As novas medidas somam-se às tarifas já aplicadas ao Brasil (50%), Canadá (35%) e outros países, totalizando mais de 20 cartas enviadas desde o início da semana.

Trump justificou as medidas alegando déficits comerciais e preocupações com segurança nacional, como o combate ao tráfico de fentanil. Além disso, alertou que países que tentarem contornar as novas regras poderão ser alvo de tarifas adicionais.

Mas qual será a real intenção do ex-presidente? A escalada protecionista levanta dúvidas sobre seus objetivos estratégicos — econômicos ou geopolíticos — especialmente em um ano de eleições nos Estados Unidos.

🧾 Protecionismo funciona na prática?

Falando de questões puramente econômicas, os dados históricos mostram que o protecionismo raramente entrega os resultados prometidos. Em teoria, elevar tarifas de importação protegeria a indústria local da concorrência externa, incentivando a produção interna e gerando empregos. Mas, na prática, os efeitos são geralmente o oposto: aumento de preços, queda de competitividade e estagnação produtiva.

O Brasil é um caso emblemático. Por décadas, o país adotou uma política de forte proteção à indústria nacional com tarifas elevadas, substituição de importações e controle de mercado. O resultado?

  • Uma indústria nacional pouco competitiva;

  • Baixa inovação tecnológica;

  • Produtos caros e de menor qualidade para o consumidor;

  • Crescimento limitado das exportações, concentradas em poucas commodities.

Mesmo com todas essas barreiras, o setor industrial brasileiro perdeu relevância no PIB, caindo de mais de 25% na década de 1980 para cerca de 11% hoje. Enquanto isso, países que optaram por abertura comercial, acordos multilaterais e integração global expandiram sua base produtiva com maior eficiência e inovação.

Ou seja: barreiras artificiais não resolvem problemas estruturais. Em vez de fortalecer, tendem a acomodar e desestimular ganhos de produtividade. A longo prazo, o consumidor paga mais caro e a economia perde dinamismo.

📉 Um alerta da história: o paralelo com 1929

O que está acontecendo hoje também nos leva a fazer um paralelo com a Grande Depressão de 1929, quando os Estados Unidos — em um momento de forte pressão interna e desemprego crescente — adotaram medidas protecionistas para “defender” sua economia.

Na época, o Congresso americano aprovou a Smoot-Hawley Tariff Act, que elevou de forma agressiva as tarifas de importação sobre mais de 20 mil produtos estrangeiros. A ideia era proteger os produtores locais. O resultado? Um efeito dominó global:

  • Países retaliaram com tarifas próprias;

  • O comércio internacional despencou mais de 60%;

  • A crise, que era setorial e concentrada, virou uma depressão global prolongada.

O que começou como uma tentativa de salvar empregos e indústrias nos EUA, acabou aprofundando o colapso da economia mundial. Medidas unilaterais e nacionalistas levaram a um isolamento econômico prejudicial para todos, inclusive para os que as iniciaram.

Hoje, ao vermos os EUA novamente subindo tarifas contra diversos parceiros comerciais — Brasil, Canadá, México, União Europeia —, é impossível não acender um sinal amarelo. Estamos diante de um novo ciclo de fechamento de mercados? Quais serão as retaliações globais? E, sobretudo: o mercado financeiro está precificando esse risco?

🔎 O momento exige leitura refinada de mercado

O cenário atual é de grande incerteza global. Tarifas, tensões geopolíticas, inflação persistente em algumas economias, desaceleração em outras, instabilidade cambial... Tudo isso exige um olhar mais atento e seletivo do investidor.

📊 Não é hora de generalizar. É hora de analisar ativo por ativo.

Empresas com exposição ao mercado externo — principalmente à exportação para os EUA e Europa — podem sofrer impactos diretos. Por outro lado, companhias com cadeias produtivas internas, foco no mercado doméstico e controle de custos podem se destacar.

📉 O câmbio também é peça-chave nesse tabuleiro e precisa ser acompanhado de perto.
O dólar, que vinha se desvalorizando frente a um conjunto de moedas globais — como mostra o índice DXY —, agora entra em uma zona de atenção. A grande questão é: essa desvalorização vai continuar ou estamos prestes a ver uma nova onda de valorização da moeda americana?

➡️ Para o Brasil, a direção do dólar impacta diretamente a inflação, os juros futuros (DI), as exportações e o fluxo estrangeiro na B3. Em momentos assim, não se trata apenas de olhar o Ibovespa ou o Brent — é fundamental acompanhar o comportamento do dólar em tempo real e os sinais técnicos de reversão ou continuidade.

⚠️ Tarifas entram em vigor em 1º de agosto: impacto direto na economia

As novas tarifas anunciadas por Donald Trump contra o Brasil entram em vigor no dia 1º de agosto. A medida, naturalmente, é negativa para as exportações brasileiras, principalmente nos setores de commodities agrícolas e de energia, que podem perder competitividade diante da sobretaxa.

No entanto, o impacto não é apenas negativo.

➡️ Do ponto de vista interno, as tarifas podem gerar um aumento da oferta no mercado doméstico. Produtos que seriam exportados em maior volume podem ser redirecionados para consumo interno, o que tende a aliviar pressões inflacionárias, ao menos temporariamente.

Isso poderia, por exemplo:

  • Reduzir os preços de alimentos e combustíveis no mercado interno;

  • Gerar excedente em cadeias produtivas que atendem o exterior;

  • Influenciar as expectativas do IPCA e a curva futura de juros (DI).

⚠️ O ponto de atenção, entretanto, é que essa dinâmica pode ser passageira. Se houver represálias, restrições logísticas ou perda de contratos, os efeitos colaterais podem superar os alívios iniciais.

🧠 A chave está em rastrear o dinheiro inteligente

Diante de tantas variáveis em jogo — tarifas, câmbio, petróleo, geopolítica, juros globais e eleições nos EUA — tomar decisões baseadas apenas em notícias é cada vez mais arriscado.

📌 Por isso, o foco do método Radar Preditivo está em rastrear os profissionais que realmente movimentam o mercado.

Institucionais, gestores e grandes players deixam sinais claros no volume financeiro, no comportamento do preço e na estrutura das negociações.


Identificar onde estão posicionados, onde acumulam ativos e quando entregam o movimento ao varejo é o que permite antecipar tendências com confiança.

🔍 Wyckoff, price action e SMC não são ferramentas isoladas — são lentes para enxergar o bastidor do mercado.


A leitura de fluxo é o que separa o investidor comum do investidor preditivo. E, em momentos de turbulência global, essa leitura se torna ainda mais poderosa.

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Este conteúdo possui fins exclusivamente educativos e informativos. As opiniões aqui expressas refletem minha visão pessoal e não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos.

Não sou analista de valores mobiliários e o site Radar Preditivo não realiza qualquer tipo de assessoria ou consultoria de investimentos.

Invista com consciência. Estude, questione e busque sempre embasamento antes de tomar qualquer decisão financeira.