O que são Terras Raras — e por que você deveria saber disso?

Nesta matéria, você vai entender o que são as terras raras, por que esses elementos quase invisíveis são fundamentais para a tecnologia moderna e como estão presentes em tudo — de celulares a turbinas eólicas. Também mostramos por que elas se tornaram um recurso estratégico no cenário global, mesmo estando amplamente distribuídas pelo planeta. Um conteúdo essencial para quem quer enxergar além do óbvio na nova economia tecnológica.

RADAR ECONOMIA

Carolina Vargas

7/24/20253 min read

Você já ouviu falar em terras raras? Apesar do nome curioso, não são terras e nem tão raras assim. Esses elementos estão em quase tudo o que usamos no dia a dia moderno — e são fundamentais para o futuro da tecnologia, da energia limpa e até da geopolítica mundial.

Mas afinal, o que são terras raras?

As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos, localizados na tabela periódica entre os números atômicos 57 e 71 (lantanídeos), além do escândio e ítrio. Eles compartilham características químicas semelhantes e têm propriedades magnéticas, ópticas e catalíticas únicas.

Elas são "raras"?

Na verdade, não são tão raras assim na crosta terrestre. O que as torna “especiais” é:

  • A dificuldade de extração e separação (estão misturadas com outros minerais).

  • A concentração da produção: cerca de 90% do refino global é feito na China.

Para que servem as terras raras?

Apesar de pouco conhecidas pela maioria das pessoas, as terras raras estão presentes em quase tudo o que compõe o mundo moderno. Elas são essenciais para a fabricação de tecnologias avançadas, especialmente em áreas como energia limpa, mobilidade elétrica, defesa, telecomunicações e eletrônicos.

Um exemplo disso é o neodímio, elemento usado na produção de ímãs superpotentes que movimentam motores de carros elétricos e turbinas eólicas. Já o praseodímio é empregado em ligas metálicas de alto desempenho, fundamentais para motores mais eficientes.

O lantânio tem aplicação em baterias de carros híbridos e em lentes ópticas. O cério é amplamente usado em catalisadores automotivos e também na fabricação de polidores de vidro. O disprósio, por sua vez, é fundamental para garantir que os ímãs permaneçam estáveis em altas temperaturas, algo indispensável em motores industriais.

Outros elementos também se destacam: o ítrio é utilizado em telas de LED, equipamentos médicos a laser e materiais cerâmicos especiais; o térbio tem papel importante em sensores de alta sensibilidade, monitores e materiais supercondutores.

Esses elementos, apesar de estarem “escondidos” dentro das tecnologias que usamos, são indispensáveis para o avanço da sociedade digital e da transição energética.

Setores impactados:

  • Tecnologia: celulares, tablets, computadores, chips, telas.

  • Energia: turbinas eólicas, baterias, veículos elétricos.

  • Defesa: drones, radares, mísseis, aviões.

  • Indústria: ligas especiais, catalisadores, lasers.

Um recurso estratégico e geopolítico

Por estarem presentes em tecnologias críticas, as terras raras se tornaram alvos de disputa entre potências globais. A China domina a produção e refino e já utilizou sua posição como instrumento de pressão política.

Exemplo:

  • Em 2010, a China restringiu a exportação de terras raras ao Japão durante uma disputa territorial, evidenciando o poder que detinha sobre a cadeia global.

  • Agora, em meio às tensões comerciais com os Estados Unidos, a China voltou a sinalizar possíveis restrições às exportações de terras raras e metais estratégicos como forma de pressão econômica.

E o Brasil?


Com reservas significativas de terras raras em estados como Minas Gerais, Goiás e Amazonas, o Brasil surge como uma alternativa estratégica nesse tabuleiro global. Um exemplo é o projeto da Serra Verde, em Minaçu (GO), que já está em fase de produção e é considerado o primeiro empreendimento de terras raras em larga escala fora da Ásia com capacidade comercial. Outro destaque é o projeto da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), em Araxá (MG), que estuda a extração de terras raras a partir dos resíduos do processo de produção de nióbio.

Além disso, o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, também vem ganhando atenção internacional com as descobertas de ricas jazidas de lítio, elemento essencial para baterias de veículos elétricos e sistemas de energia limpa. Empresas estrangeiras, como a australiana Sigma Lithium, já atuam na região e o Brasil começa a ser visto como um player importante na cadeia do lítio.

No entanto, o país ainda enfrenta desafios estruturais: falta de infraestrutura para refino e separação dos elementos, ausência de uma política industrial estratégica voltada para minerais críticos e a necessidade de garantir segurança jurídica e estabilidade regulatória para atrair investimentos e desenvolver toda a cadeia produtiva — da mineração ao processamento de alto valor agregado.

Conclusão

As terras raras são os minerais invisíveis que sustentam o mundo digital e verde. Sem elas, não teríamos celulares, carros elétricos, turbinas eólicas ou armamentos modernos.

Em tempos de transição energética e tensão geopolítica, quem controla as terras raras controla parte do futuro.

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