O Jogo por Trás dos Números: Inflação de Maio Mostra Descompressão Conhecida, Mas Mercado Finge Surpresa
O IPCA de maio voltou a surpreender o público, mas não quem já acompanha o ciclo com atenção: a inflação segue sua trajetória de descompressão global iniciada em 2024. Enquanto os dados confirmam o fim gradual do ciclo de aperto, o mercado mantém a velha estratégia de "surpresa" — uma narrativa conveniente para proteger posições e movimentar o jogo financeiro. Nesta análise, vamos além das manchetes e mostramos o que realmente está por trás dos números.
RADAR ECONOMIA
Carolina Vargas
6/11/20253 min read


A inflação oficial brasileira medida pelo IPCA veio novamente abaixo das expectativas em maio. O índice registrou alta de 0,26% no mês, bem abaixo do "consenso", e segue na trajetória de desaceleração que já vínhamos antecipando desde meados de 2024.
Com isso, o acumulado em 12 meses recuou para 5,32%, conforme mostram os dados oficiais do IBGE. Este movimento dá continuidade ao processo de desinflação iniciado ainda em 2024, impulsionado por vários fatores estruturais.
Composição do IPCA de Maio
O avanço de 0,26% reflete um comportamento bastante assimétrico dos grupos de preços:
Habitação foi novamente o grupo com maior peso de alta, com forte avanço (acima de 1%), refletindo reajustes pontuais de energia e água.
Saúde e cuidados pessoais também contribuíram positivamente, próximo de 0,5%.
Em contrapartida, setores como Transportes (-0,4%) e Artigos de residência (-0,2%) exerceram força deflacionária, ajudados pela redução dos combustíveis e alívio nos preços de bens duráveis.
Além disso, o movimento global de queda nos fretes internacionais, que se intensificou no segundo trimestre de 2024, e a recente desvalorização do dólar continuam a contribuir para o arrefecimento da inflação importada. São efeitos diretos sobre cadeias produtivas e custos de produção que vêm sendo observados de forma clara por quem analisa o ciclo com profundidade.
EUA: Mercado Insiste em Narrativas no Payroll de Junho
No cenário internacional, o mercado financeiro continua preso a narrativas superficiais. O Payroll de junho (divulgado em 06/06) foi um claro exemplo disso.
O dado principal apontou criação de 139 mil vagas, ligeiramente acima do consenso de 125 mil. Mas a análise crítica mostra um cenário bem diferente:
Houve uma desaceleração em relação a abril (147 mil vagas);
O dado de março foi drasticamente revisado de 185 mil para 120 mil vagas — 65 mil empregos simplesmente desapareceram das estatísticas;
O ADP (emprego no setor privado) mostrou a criação de apenas 37 mil vagas, sinal claro de enfraquecimento na economia real;
A taxa de desemprego permaneceu estável em 4,2%, mas já mostra sinais de inflexão no ciclo.
Mesmo com todos esses dados apontando perda de tração no mercado de trabalho americano, os grandes veículos de mídia optaram por destacar o payroll acima do esperado., mantendo o viés de resistência às evidências mais amplas do processo desinflacionário global.
O ciclo de aperto monetário global está com os dias contados
Quando somamos a desaceleração gradual da inflação brasileira com a perda de força real do mercado de trabalho nos EUA, além da queda nos custos logísticos globais e da acomodação do dólar, temos um cenário que confirma algo já monitorado pelos profissionais atentos: o fim do ciclo de aperto monetário já está contratado.
Este não é um diagnóstico recente, e tampouco uma novidade para quem acompanha os ciclos econômicos com profundidade. Desde 2024, os fluxos de capitais, as cadeias de suprimentos e os dados de inflação global já vinham apontando que estávamos entrando numa fase de descompressão.
O que o mercado está colhendo agora são apenas os frutos de um processo já em curso há meses — e que muitos insistiram em não enxergar.
A leitura crítica, livre das narrativas superficiais, continua sendo o maior diferencial para o investidor que busca estar à frente.
Aviso Legal:
Este conteúdo possui fins exclusivamente educativos e informativos. As opiniões aqui expressas refletem minha visão pessoal e não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos.
Não sou analista de valores mobiliários e o site Radar Preditivo não realiza qualquer tipo de assessoria ou consultoria de investimentos.
Invista com consciência. Estude, questione e busque sempre embasamento antes de tomar qualquer decisão financeira.
Carolina Vargas - Radar Preditivo
Aqui você aprende como prever o curso futuro do mercado.
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